Traços biográficos de Lalino Salãthiel ou a volta do
marido pródigo
Marco Aurélio Baggio
Ainda não
encontrei, na já vasta bibliografia referente à obra de João Guimarães Rosa, um
estudo particularizado que versasse sobre este segundo conto de Sagarana.
Para
mim, A volta do Marido Pródigo é o conto mais saboroso que Rosa nos
deixou. De forma particular, as peripécias do personagem, sua habilidade em
lidar com as situações, sua leveza e bom humor, aliados a sabedoria de como são
as coisas, e seu desfecho alegre, me envolveram.
Lalino
Salãthiel é um mulato esperto, ardiloso, que sabe das coisas.
Lalino
Salãthiel surge no corte da estrada de rodagem que liga Belo Horizonte a São
Paulo. Já bem atrasado nos horários: o burrinho já cumpriu uma quarta parte de
seu trabalho no dia. Lalino não se amofina: como bem pulou, maneiro, do
caminhão recém chegado, vem, sorridente, enfrentar os olhares de recriminação
do seu Marra e dos companheiros, dando o aspecto de quem estivesse recebendo
uma ovação.
Diante
do capataz, Seu Marra, ele se porta submisso e firme, mas fala mesmo, íntimo. Seu Marra se faz de duro, otoridade.
Lalino se desculpa, ambíguo: - Nevralgia...
E promete:
mas o senhor vai ver como eu toco o meu serviço e ainda faço
este povo trabalhar...
Atacado pela
insinuação de que dormira mais que o catre, Lalino mata no peito, bota no
terreno e desvia, fazendo um lançamento:
-
Falar nisso, seu Marrinha, eu me alembrei hoje cedo
de outro teatrinho, que a Companhia levou, lá no Bagre: é o drama do Visconde
Sedutor.
Amortece os poderes feitorais, intimizando-o de Seu
Marrinha. Não explica, justifica ou retruca a insinuação feita, mas
responde em outro registro, introduzindo o sonho, a fantasia, a vivência
teatral, no meio daquele trabalho bruto. Ao mesmo tempo, enfia uma cunha para
um álibi na tarefa, para logo mais...
Imediatamente
o companheiro Pintão quase teve o pé esmagado por uma laje, enquanto o Correia
diz, suspirando:
-
Também, tudo pra ele sai bom, e no fim dá certo. Pra uns as vacas morrem... Pra outros até boi pega a parir...
Seu Marra já
amaciou e lhe aponta o dia inteiro.
Lalino
vai trabalhar. Mas seu trabalho mesmo é com a língua. Falar. Contar lorotas,
pavonear, cutucar um e outro, mexer com as pessoas. Levando para os
companheiros um pouco de ilusão.
Ele
faz tudo diferente, inusitado, provocativo.
Num
chiqueiro, vai criar pacas... capivaras também. Nesse galinheiro, vai botar
jacus, perdizes e codornas...
E,
tomando gosto, depois de ter servido cigarros aos colegas, vai exagerando:.
–
Vou plantar chácara com azeitona; laranja de abril em
goiabeiras... Limão doce no pé de pêssego.
–
Cutuca a incredulidade dos amigos.
-
Não pega!
-
Pega! Deve de ser custoso, mas tem de se existir um
jeito...
-
O mulatinho
carteando marra, esperto. Ladino. Seu nome foi cunhado à propósito por João
Guimarães Rosa. Lalino – Ladino.
Chama-se
ladino o negro africano que aprendia o português e que desempenhava, como
escravo mais diferenciado, entre o capataz e os negros boçais, aqueles que só
falavam a língua africana de origem.
Lalino
é um chefe de turma de braçais, mas opera na fala fácil, envolvente,
embondeira.
Não quer
perceber que o espanhol Ramiro anda rondando sua mulher. Descarta as
insinuações do Generoso, desliza para as espanholas, dessas para as mulheres
bonitas, de facilidade, do Rio de Janeiro.
-
Tem de toda qualidade, francesa, alemanha, turca,
italiana, gringa... É só a gente chegar e escolher... Elas ficam nas
janelas e nas portas, vestindo de pijama... de menos ainda... Só vendo, seus
mandioqueiros! Cambada de capiaus!...
-
Lalino anzolou toda
a turma. O que ele não sabe é que nessa treta toda, ele, Eulálio de Souza
Salãthiel, acabara próprio de si mesmo fisgar. Ir para as mulheres do Rio
passará a ser seu sonho e objetivo. Durante o almoço, enquanto o mulato
continua falastrão, seu Marra se aproxima. De princípio, cobra jeitoso, o
rendimento pouco do serviço e depois, insinua o teatro. Quer ouvir a peça O
Visconde Sedutor. Sem jeito de escapar, Lalino não se aperta: há
atualmente nos seus miolos uma circunvoluçãozinha qualquer, com vapor solto e
freios frouxos, e tanto melhor.
Inventando
o primeiro ato, Lalino comete o deslize de dizer que vira a peça no Rio de
Janeiro.
O
caminhão da empresa retorna com seu Waldemar, livrando a cara de Lalino.
Seu
Waldemar comenta:
-Mulatinho
levado! Entendo um assim, por ser divertido. E não é de adulador, mas sei que
não é covarde. Agrada a gente, porque é alegre e quer ver todo o mundo alegre,
perto de si. Isso, que remoça. Isso é reger o viver.
Nessa tarde,
Lalino foi para casa, para os braços de Maria Rita. Entre espantada e feliz,
ela o recebeu. Porque ela o bem-queria muito.
Na
manhã seguinte, Maria Rita se vê frustrada na expectativa de uma nova lua de
mel. Lalino, preocupado, fumando pela casa, em busca de fotografias de
mulheres.
Lalino
mergulhado em suas fantasias e fotografias: Maria Rita gosta dele, mas... E
essa dessa loira, e a outra, morena, muitas... Mais de cem? Mil... e
nessa comparação, entre a própria fantasia futura que o fisgara e Maria Rita,
ali á mão, Maria Rita perdeu.
Se
resolveu: apurava suas coisas, arranjava um saldo e ia pras mulheres, no Rio de
Janeiro.
O
pior vinha agora: desligar-se de Maria Rita..., escaranfunchava na memória
todos os pequenos defeitos da mulher... Mas, quem é aquele? Ah, é o atrevido do
espanhol, que está rabeando. Bem... Bem.
Lalino
decide aproveitar o acaso que o diabo lhe envia e dizendo que vai embora,
definitivo, dali, sem a mulher, pede dois contos emprestados ao Seu Ramiro. Nem
despede da mulher, pede um conto de réis do espanhol, que acha estar fazendo
uma pechincha, para melhor cortejar Maria Rita e embarca no caminhão. Manda recado para Ritinha de que não
volta.
Como
eu não presto, ela não perde. Diz a ela que pode fazer o que entender.... que
eu não volto, nunca mais...
E
enfrenta a indignação do Seu Miranda:
E agora eu
não quero me amofinar, não tenho tempo pra estragar a cabeça com raiva nenhuma,
atoa, atoa. Sou boi bravo nem cachorro danado, pra me enraivar?
Lalino
não aceita se deixar possuir pelo ódio. Sabe que isso não faz bem. Estou diante
de um recorte vulgar de jornal, de ontem, estudo científico comprova a força
do pensamento positivo, afirmando que pensamentos positivos ajudam o
cérebro a ordenar mais secreções de produtos químicos para combater as
enfermidades. Neuroptídeos melhoram macrófagos que batalham contra as
enfermidades. Timosina, um hormônio reforça o sistema de imunidade.
Dez anos
depois, Riobaldo vai dizer isso mesmo, aprendido na travessia do Sertão:
‘... quando se curte raiva de alguém, é a mesma
coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando
a idéia e o sentir da gente;
O
ódio – é a gente se lembrar do que não deve-de; amor é a gente querendo achar o
que é da gente.
Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um
descanso na loucura.
Somente
com a alegria é que a gente realiza bem-mesmo até as triste ações.
Ah,
para o prazer e para ser feliz, é que é preciso a gente saber tudo, formar
alma, na consciência; para penar não se carece.
Ai está uma coisa importante: Lalino sabe que não se
deve ocupar a mente com sentimentos negativos, sendo possível evita-los. É o
caso com seu Miranda, mero chofer de caminhão, que o leva para Brumadinho, na
primeira etapa da viagem para o Rio e que cumpriria papel de recadeiro à Maria
Rita. Não era o caso de se irritar, não valia amofinar-se com a indignação e a
provocação dele. Não era uma briga necessária; Lalino sabia recoloca-lo em seu
lugar na história, sem se humilhar e sem se deixar ofender.
Quantas,
milhões de vezes, o neurótico cavila ao pensamento ruim, pessimista; adere aos
sentimentos de segunda classe, de compaixão, culposos; quantas vezes, briga a
briga errada, falsa, boba, desimportante, Fica com ódios, deixa os ódios
virarem rancores, ressentimentos, mágoas e, tudo por uma má causa? Até atingir os elevados índices de
pessimização descritos por Climberis.
Lalino
não se deixa desviar pelos outros. Não permite que o Grande Outro lhe invada,
lhe faça a cabeça. Ele quer manter sua cabeça aberta para seus horizontes e
limpa de todos os entulhos, para que possa arquitetar bem seus próprios
projetos. Seu Miranda ainda tem um último apelativo.
-
Inda está em tempo de ter juízo, seu Laio. O senhor pode merecer um castigo de
Deus...
-Que
nada seu Miranda! Deus está certo comigo, e eu com ele. Isso agora é que é
assunto meu particular... Alegrias, seu Miranda!
Á
insinuação da praga, Lalino amortece, diminui e rebate inteligentemente: praga
que não o contagia. Não deixa nem deus lhe perturbar. O que lhe move é o seu daimon
interior, querendo realizar sua fantasia de O Visconde Sedutor. Por ela,
fora seduzido e, induzido, escorria pela estrada de ferro. Os sapos que
dissessem: - Não! Não! Não!... Diziam também, ora pois não era? - Bão! Bão Bão!...
Lalino
sonhava com o determinado ponto, em cidade, onde odaliscas veteranas
apregoavam aos transeuntes, com frinéica desenvoltura, o amor: bom, barato
e bonito, como queriam os deuses...
A
mim não pode escapar que Eulálio-Lalino foi chamado de Laio, seu
outro nome. Primeiro, pelo seu Marra, quando quer lhe chamar a atenção, antes
de lhe perguntar pelo enredo d’O Viconde Sedutor.
Depois
é Maria Rita – Você é bobo... Laio... Ela diz, enjoosa. E agora,
seu Waldemar.
Laio, rei de Tebas, filho de Labdáco (coxo), pai de Édipo(pés inchados ) quer significar torto.
Guimarães
Rosa, que não dava ponto sem nó, nem colocava
palavra sem função poética e que conhecia grego e os clássicos, não
mudou o nome por acaso. O senhor Eulálio de Souza Salathiel é Lalino quando
atilado, ladino e Laio quando entorta o correto suceder das coisas.
Seu
Marra compreendera, quando Lalino fora se despedir.
- Está direito. Você é mesmo maluco, mas mais o
mundo não é o exato. Se veja...
Três meses
depois Maria Rita estava morando com o espanhol.
Na capital
as aventuras foram uma pândega e uma decepção. Mas, um indivíduo, de bom valor
e alguma idéia, leva no máximo um ano, para se convencer de que a aventura,
sucessiva e dispersa, atende e acende, sem bastar. E Lalino Salãthiel, dados os
dados, precisava apenas de metade do tempo, para chegar ao dobro da conclusão.
Decide
voltar.
Seu Ramiro
é pêgo de surpresa e se coloca na defensiva de seu patrimônio recém-adquirido.
O diálogo
entre os dois é um jogo de negaças, cada um querendo enganar o outro.
E Lalino
se livra da dívida devido a afoiteza da culpa do espanhol. Quer ver Ritinha mas
ao ser informado de que ela não o quer ver nem em pinturas! muda de
idéia e pede apenas seu violão.Troca um por outro, ambos, objetos de prazer.
Lalino depressa muda de posição, de forma que as
pessoas normais não lhe acompanham e perdem. O espanhol o encontra
desrespeitoso, de costas, de cócoras. Entrega-lhe, ansioso, o violão. Lalino
deixa um rabo, suas coisas, para mais tarde, buscar. E atemoriza:
-O senhor
está tratando bem da Ritinha? Se eu souber que ela está sendo judiada!...
E Lalino
filosofa, achando melhor dar tempo ao tempo. Inverte e encantoa o Jijo, que
está trabalhando para os espanhóis. Contempla os territórios ao alcance de seu
querer.
E dorme na
viola do Urubu.
Acorda com o tropel do Seu Oscar.
- Decerto
vai querer tomar a mulher que você vendeu, ahh?
-
Que nada, seu Oscar.
-
Vai deixar a Sá Ritinha com o Ramiro? Malfeito!
-
Seu eu for lá agora, derrubo cinza no mingau.
-
Mas, e ela?
-
Vou chamar no pio.
-
E o espanhol?
-
Vai desencostar e cair.
-
Mas de que jeito, seu Laio?
-
Sei não.
-
E você fica aí, de papo pra riba?
-
Esperando sem pensar em nada, pra ver se alguma idéia
vem...
-
Hum-hum...
-
É o que é, seu Oscar. Viver de graça é mais barato...
é o que dá mais...
-
E os outros, seu Laio? A sociedade tem sua regra...
-
Isso não é modinha que eu inventei.
-
Ta varrido!
E Lalino onipotente, fala como seria o mundo, se o tivesse feito.
Major
Anacleto rechaça o pedido de seu Oscar, seu filho, de empreitar Lalino na
política.
- Vendeu a família, o desgraçado! Não quero saber
de bisca dessa marca.
Seu Oscar
sabia como lidar com o pai, mudando de conversa.
Tio
Laudônio, que chorou na barriga da mãe do Major Anacleto, seu irmão, é
compadre das coisas, enxerga no escuro, sabe de que lado vem a chuva e escuta o
capim crescer. É dele, quase sempre, a ultima palavra.
- Um mulato desses pode valer ouros... a gente
esquenta a cabeça dele, depois solta em cima dos tais, e sopra...
Não sei se
é de deus mesmo, mas uns assim tem qualquer um apadrinhamento... é uma raça de
criaturas diferentes, que os outros não podem entender... gente que pendura o
chapéu em asa de corvo e guarda dinheiro em boca de jia... ajusta o mulatinho,
mano Cleto, que esse-um é o Saci.
Eulálio
delonga mas já chega de mãos cheias. Despeja novidades: que seu Benigno isso e
aquilo e mais...
Por fim
Lalino faz um pedido. Queria e obtém, o Estevam de guarda costas.
E foi
assim que Lalino fez saber ao povo que era cabo eleitoral do Major e que tinha
de receber respeito.
Dando, tecendo, embondando e obtendo reforço para si. Assim tudo o mais,
com a graça de deus, foi correndo bem.
Major
Anacleto vai cuidar de sua política e a cada passo tem notícias das façanhas de
seu comandado.
Ora é o
padre que intercede por ele, pelo casamento dele, convencido da contrição de
Lalino; ora é a notícia de que este estava metido com o filho do seu Benigno,
seu maior inimigo...
À
descompostura, Lalino retruca:
Eu juntei
com o filho do seu Benigno foi só pra ficar sabendo de mais coisas. Pra poder
trabalhar melhor para o senhor... é mais pra uma costura que eu não posso lhe
contar agora, por causa que ainda não tenho certeza se vai dar certo...
Acalmando
pela metade, o Major vai em cima:
- Eu
não lhe disse que não fosse implicar com os espanhóis?
- Seu
major, só se aqueles estrangeiros acham que a gente dar viva ao Brasil é mexer
com eles.
E,
magistralmente, depois de relatar outras tretas, à caça de votos para o major,
- Está vendo, seu Major, que eu andei muito ocupado
com os negócios do senhor, e não ia lá ter tempo pra gastar com espanhol
nenhum? Gente que pra mim até não tem valor, seu Major, pois eles nem não
votam! Estrangeiro não tem direito de votar em eleição...
Num
momento de fraqueza, Lalino pede a seu Oscar para procurar Ritinha. Seu Oscar
foi e se atarantou, resolvendo um átimo, defender a própria causa.
Ao negar
que fora o marido que lhe enviara, para melhor tecer sua cantada, deixa Ritinha
sentir-se definitivamente desprezada por Lalino. Indignada, diz que nem vestido
de santo quer vê-lo. Seu Oscar então se adianta e Maria Rita se indigna:
-
Homem nenhum não presta!
Seu Oscar
desorganizadíssimo, tem que ouvir o desabafo de Ritinha.
-Eu
procedi mal, mas não foi minha culpa. Sabe? Eu gosto é mesmo do Laio, só dele!
Não presta, eu sei, mas o que eu hei de fazer? Pode ir contar a aquele ingrato,
que não se importa comigo...
Com raiva
de Lalino, seu Oscar mente, que ela não quer mais saber dele.
Seu Oscar
vai denunciar Lalino ao Major.
Mas este
recebeu um telegrama... altas políticas.
Seu Oscar
vai tentar desmerecer Lalino, quando chega o capiauzinho trazendo notícias que
o filho do seu Benigno, o Nico, desonrou a filha mais nova do seu Cesário.
Obra de
Lalino. O rapaz não casa. Tá amoitado. Lalino aproveita para puxar.
- Só quero servir o senhor, seu major! Com chefe
bom, a gente sempre chega longe!
E o
Major elogia a escolha que o filho
fizera, trazendo Lalino a seu serviço.
O próximo
lance é o de Maria Rita chegando em pranto, pedindo guarida e amparo.
Maltratada pelo espanhol, com ciúmes, pede a proteção do seu Major.
-Quede
o Lalino?
Na beira do rio, no botequim, bebendo com os
companheiros e um senhor que chegou de automóvel.
O major
fica uma fera e promete surra de relho. Tio Laudônio, pacifica.
- Calma, mano Anacleto... a gente não deve de
desperdiçar choro em antes de ver o defunto morrer...
Chega um
automóvel. Parou. Lalino e três doutores.
Era gente
alta, do Governo, Sua Excelência, o senhor Secretário do Interior, que está de
passagem, de volta para Belo Horizonte. E nunca houve maior momento de
hospitalidade numa fazenda.
O senhor
Eulálio os abordara, na passagem do rio. Divertia-os. O Major sabia escolher
seus homens... Sim, em tudo o Major estava de parabéns... E, quando fosse a
Belo Horizonte, levasse o Eulálio, que deveria acabar de contar umas histórias,
muito pândegas, de sua estada no Rio de Janeiro, e cantar uns lundus...
Tomando o café, alegria feita, cortesia floreada,
política arrulhada, e o muito mais – o estilo, o sistema – o tempo valera.
Major
Anacleto chama Lalino, e as mulheres trazem Maria Rita, para as pazes. E manda
bater pau nos espanhóis.
No alto,
com broto de brilhos e asterismos tremidos, o jogo de destinos esteve completo.
Então, o Major voltou a aparecer na varanda, seguro e satisfeito, como quem
cresce e acontece, colaborando, sem o saber, com a
direção-escondida-de-todas-as coisas-que-devem-depressa-acontecer.
Referências
1- ROSA,
João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro, José Olympio, 1970.
2-
----------------------------------- Grande sertão: veredas. Rio e
Janeiro, José Olympio, 1970.
3-
CLIMBERIS, Boris. Os caminhos da
pessimização. Belo Horizonte, Veja, 1984.
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